MONSTERS OF ROCK 2025
Monsters of Rock 2025 celebra 30 anos com shows históricos e momentos catárticos
A oitava edição do festival Monsters of Rock marcou, com estilo e potência, os 30 anos de existência do evento no Brasil. Realizado no dia 19 de abril no Allianz Parque, em São Paulo, o festival reuniu um line-up eclético, equilibrado, entre nomes consagrados e propostas sonoras distintas dentro do gênero, o evento foi uma verdadeira celebração da música pesada — e também da memória afetiva de seus fãs, alguns deles presentes desde a primeira edição, em 1994.
Abrindo os trabalhos sob o sol escaldante da tarde paulistana, o Stratovarius mostrou por que é referência do power metal europeu. A banda finlandesa entregou uma performance energética, misturando grandes clássicos com faixas do disco Survive (2022). Mesmo sob o calor, o público respondeu com empolgação, vibrando a cada faixa — um aquecimento de respeito para o que ainda estava por vir.
Em seguida, o Opeth apresentou o show mais experimental do dia. Com faixas longas e climáticas da fase mais pesada da banda, o grupo sueco apostou em atmosferas densas e vocais guturais. Mikael Åkerfeldt, sempre espirituoso, arrancou risadas ao brincar com a plateia e pedir que economizassem a voz para os “hinos” das outras bandas. A apresentação deixou claro o domínio técnico da banda e sua coragem em destoar do restante da programação.
O palco ganhou um ar oitentista com o Queensrÿche, que trouxe de volta a estética clássica da banda: paredões de amplificadores Marshall e o logotipo vintage em destaque. A performance teve como base um setlist recheado de clássicos, e o vocalista Todd La Torre impressionou com a naturalidade ao interpretar sucessos como “I Don’t Believe in Love”, “Empire” e “The Needle Lies”. Foi um show redondo e nostálgico, que agradou em cheio os fãs mais antigos.
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a volta triunfal do Savatage aos palcos. Após mais de uma década longe das turnês, a banda entregou uma apresentação intensa e emotiva. Zak Stevens, em plena forma vocal, emocionou o público com faixas como “Jesus Saves”, “Chance”, “Sirens” e “The Wake of Magellan”. Muitos fãs, visivelmente comovidos, não contiveram as lágrimas ao testemunhar esse retorno histórico. A resposta do público foi uma prova do legado duradouro da banda na história do metal.
Já o Europe trouxe leveza e carisma ao festival com um setlist certeiro e contagiante. O ponto alto, como era de se esperar, foi o momento catártico em que a banda executou “The Final Countdown”, fazendo todo o Allianz Parque cantar em uníssono. Foi uma apresentação vibrante e empolgante, que equilibrou com competência técnica e apelo popular, mantendo o clima da festa em alta.
Nos intervalos entre os shows, os telões do estádio exibiram vídeos comemorativos com referências às edições passadas do Monsters of Rock. Com animações dos monstros que marcaram cada uma dessas edições, efeitos visuais de impacto e trilha sonora formada por artistas que fizeram história no festival, os vídeos ajudaram a costurar o passado e o presente do evento. No anel do Allianz Parque, os fãs também puderam interagir com a memória do festival: havia totens temáticos para fotos espalhados pelo espaço, além de um boneco do Monstro das últimas edições, e os fãs puderam aproveitar para registrar o momento.
A noite atingiu seu ápice com os co-headliners. O Judas Priest provou por que é um dos pilares do heavy metal mundial. Rob Halford, aos 73 anos, é simplesmente inigualável — sua presença de palco, potência vocal e carisma continuam intactos. O show começou com a pesada “Panic Attack” e percorreu clássicos como “Turbo Lover” e “Painkiller”, culminando com “Living After Midnight”. Um dos momentos mais marcantes foi sua entrada de moto para a execução de “Hell Bent for Leather”, levantando uma multidão em êxtase. A banda entregou um espetáculo impecável, preciso, e ao mesmo tempo visceral, como só os mestres conseguem fazer.
Fechando a noite em grande estilo, o Scorpions transformou o Allianz Parque em uma verdadeira celebração. Comemorando 60 anos de estrada, a banda alemã mostrou que ainda sabe emocionar. Klaus Meine, com sua voz inconfundível, conduziu o público por sucessos como “Send Me an Angel”, “Wind of Change” e “Big City Nights”. O encerramento com “Rock You Like a Hurricane”, executada sob o impacto visual de um escorpião gigante nos telões, foi apoteótico. Antes disso, “Blackout” e outras pérolas incendiaram a plateia. Foi uma despedida à altura da grandiosidade do festival — um final memorável para um dia histórico.
